segunda-feira, setembro 25, 2006

O PC quebrou

1 E dessa vez é verdade: levei meu computador para uma recauchutada e, assim que ele voltou do banho de loja, a pobre placa mãe ficou com inveja dos novos colegas e queimou-se de raiva. Nessa brincadeira tive que trocar também o gabinete, obsoleto demais para a vaidade da nova mamãe. A parte boa é que o blog está de volta, e que agora meu computador não só me acompanha na internet e no tlac-tlac do Word, como também faz o jantar e me leva para passear na praia.

2 Novas musas cantantes:
"Put your Record on" - Simpaticíssima canção de Corinne Bailey Rae , inglesa novata na soul music e, até então, minha total desconhecida. O clipe passa com certa freqüência na MTV, e a melodia é tão agradável que você nem se incomoda de ela grudar na cabeça pelo resto do dia.
"Who knew" - Depois da Pink já ter provado seu tino marqueteiro com "Stupid girl" – que, embora aquém de seu talento musical, cumpria impecavelmente a função de chamar novamente atenção para sua carreira – ela retorna com esse estrondo chamado "Who knew". Se alguém ainda tinha dúvida do talento da cantora (nem que seja na escolha de suas parcerias, que incluiu Tim Armstrong, do Rancid, no disco Try this!), tava dando bobeira há tanto tempo que não merece ter uma frase endereçada para si, portanto, deixo-a incompleta. "Who knew" é, sem dúvida, uma das melhores canções de 2006 e forma, ao lado de "Don’t let me get me" e "Just like a pill", a trilogia inabalável de uma das artistas mais interessantes da última década.

Resoluções de computador novo sendo cumpridas: SoulSeek baixando os últimos três discos da Pink e toda a discografia da Norah Jones.

3 Ainda sobre música, o disco mais legal da semana é Rebels, Rogues & Sworn Brothers, do talentosíssimo quarteto de Memphis Lucero . Já tendo lançado algumas pérolas do alt-country lo-fi (como o belo Tennessee), a banda retorna com um disco que incorpora à sua música todo o espírito de Born to run. RR&SB mistura Bruce Springsteen, Paul Westerberg e Uncle Tupelo, ancorado pela carismática voz de Ben Nichols (cujo timbre se aconchega entre Scott Weiland e Mike Ness) em 12 ótimas canções.

4 Ainda no "ainda sobre música", nossos queridos Carbonas lançam disco novo pela bacana revista Outra Coisa (famoso projeto do Lobão que já botou na rua alguns discos interessantes), nas bancas dia 14 de Outubro. Em um mundo perfeito a banda leria meu pensamento e subiria no altar da genialidade dando ao disco o título Mesma Coisa.

5 Respondendo ao comentário do cineasta M. Night Shyamaldluwa: sim, já vi "A dama na água". Adianto que gostei, mas peço um prazo maior para meus comentários, já que metade do filme ainda está curtindo com a minha cabeça, e a outra metade ainda nem chegou pra festa. Verei o filme novamente nos próximos dias, e prometo tecer, aqui, alguns fios de ego a respeito.

Nas últimas semanas pré-Festival do Rio (que ainda não engrenei, mas engreno já) tive a chance de ver duas belas obras em cartaz: "Miami Vice" (2006) , de Michael Mann, e "O sabor da melancia" (Tian bian yi duo yun, 2005) de Tsai Ming-liang. Mann radicaliza a pesquisa formal iniciada no excelente "Colateral" (Collateral, 2004) e faz de "Miami Vice" um laboratório sobre as potencias do vídeo como novo território narrativo (com destaque para a fotografia de Dion Beebe, mais uma vez buscando aliar ao vídeo o uso extensivo da luz natural), além de um belo exercício de construção de gênero. Tsai Ming-Liang, por sua vez, mistura diversos gêneros com um controle impressionante (embora esteja sendo vendido como comédia, o filme é tão comédia quanto é qualquer outro gênero), sem por isso perder o incômodo que é tão particular ao seu cinema. "O sabor da melancia" resgata o simbolismo para falar de amor, desejo, sexo, paixão, e a bagunça que isso faz nas cabeças das pessoas. Um filme extremamente instigante, com uma das mais belas coleções de enquadramentos vistas por aqui esse ano.

6 Volto, portanto, a postar regularmente essa semana. Retorne para mais amolações, carisma e precipitações egotistas.