quarta-feira, abril 30, 2008

Melhores de 2007

06 – Against Me! – New Wave


“Come on and wash these shores away / I am looking for the crest / I am looking for the crest of a new wave”. Com toda a flexibilidade e a fluidez dos gêneros da música pop, me parece quase inconcebível ver o refrão acima em um disco que não seja de rock. Por mais que a Joni Mitchell deseje um rio congelado para poder patinar embora, ou que Lulu Santos e Tom Jobim vejam nas ondas o mistério do tempo, esse desejo pela onda de mutilação – essa vontade de ver o mundo se acabar em um banho de renovação – é um sentimento ainda muito próprio ao rock. É a crença de que o rock é muito mais que um gênero: é a condensação da juventude em um espírito, mas que deixa marcas que não são facilmente encobertas pelos sedimentos do tempo.

Desde o lá maior martelado que abre a primeira faixa(-título) de New Wave sabemos estar diante do desejo de se construir um monumento do rock. Esse mergulho transborda o álbum, e fica evidente em seu contexto por uma citação da resenha do disco publicada pela Pitchfork:

“In a post indie-rock world where the Decemberists and Death Cab for Cutie and even Mastodon were cheered for making the major label leap, Against Me! became the first band of the 21st Century to actually succeed at selling out”.

Quantas bandas acreditariam tanto no rock a ponto de destruir, com um disco, o conforto alcançado depois de 10 anos de carreira e cinco bem sucedidos discos independentes em nome de uma nova onda que se joga sobre a costa? New Wave é o salto de uma banda punk assumidamente anarquista dentro do furacão niilista do rock básico; é um disco tomado pelo desejo de auto-destruição. É a entrega messiânica à voz que convoca sua própria aniquilação.

Mais do que um disco de grandes canções – que são muitas, mas não todas as de New Wave – o que é absolutamente espantoso no sexto disco do Against Me! é essa manifestação de um espírito, esse grito não-ignorável de uma banda que traz uma exclamação em seu nome. Gritos no vazio de seu próprio desconforto, seja com a onda da faixa-título, com um “are you restless like me?” (de “Up The Cuts”), um “Worked all week long / now the music is playing on our time” (da fabulosa “Thrash Unreal”) ou um “This room feels like it's going to explode” (“Borne on the FM Waves of the Heart”). New Wave só poderia causar um desconforto generalizado, pois é um disco sobre o desconforto, sobre o incômodo de se estar preso em sua própria pele. É um disco sobre pessoas que negam ao tempo o direito de passar, pois encontram na juventude uma posição política da qual não estão dispostas a abrir mão.

Embora tenha lá seus momentos desagradáveis (“Stop”, por exemplo, é uma aberração), New Wave é tomado por acordes que pulsam com uma força rara – algo que parece só ser encontrado quando a garganta é dilacerada pela urgência das próprias canções. Em seus grandes momentos, o sexto disco do Against Me! se isola em uma proeza na terra dos três acordes: é um disco que soa absolutamente único. É o registro de uma banda que, após dez anos de carreira, parece, enfim, fazer seu disco de estréia.


For Dummies
Álbuns do Against Me! recomendados em ordem decrescente de interesse:

01 – New Wave (2007)
15 - Todos os outros.

domingo, abril 20, 2008

Obrigado internet #05


sexta-feira, abril 18, 2008

Masculino

E não é que a pausa da placa de som se confirmou sintoma de um problema bem maior? Meu computador resolveu parar de funcionar, e já estou há uma semana sem máquina em casa. Meus emails andam acumulando, o blog segue em paciente silêncio, minhas contribuições pra Cinética estão penduradas no cabide, e a crise de abstinência vem corroendo, ferozmente, meus dias. Reza a lenda que isso muda no fim-de-semana, quando o computador deve voltar do conserto, mas, enquanto isso não acontece, venho tentado me acostumar à sensação de ter um tufo de cabelos grudado na base da minha língua. Como há anos já me livrei da maniar de mascar perucas, só posso atribuí-la às variadas manifestações da abstinência informática.

1 - GRANDE PRÊMIO ROUSSEAU DE MÚSICA INCIDENTAL

Não é novidade que, de tempos em tempos, me pego apaixonado por uma canção-mulherzinha que ouço no rádio. No passado, o GRANDE PRÊMIO ROUSSEAU DE MÚSICA INCIDENTAL já havia premiado artistas variadas como Dido (por "Thank You"), Michelle Branch (por "Everywhere"), Vanessa Carton ("A Thousand Miles"), KT Tunstall ("Suddenly I see"), Pink ("Who Knew"), Corinne Bailey Rae ("Put Your Records On") e um sem número de fêmeas sem talento que arejam meus dias com coloridas canções.

A música da vez vinha me perseguindo em rádios aleatórios, enquadrando-me nas jornadas noturnas para o trabalho e nas aulas de pilates. A tristeza é que nunca conseguia descobrir o nome da artista ou da canção, e nosso flerte se mantinha limitado à sorte do acaso. Até que, dia desses, via tv ao acordar e, passando pela Mtv, dei de cara com o clipe da música. Descobri que ela atende pelo bizarro nome de "Bubbly", e a dona da voz se chama Colbie Caillat. Não sei mais nada sobre ela, além daquilo que a canção e o clipe me permitem conhecer. Mas, por ora, posso dizer que nossos encontros têm sido bastante agradáveis.

2 - CABELO

Há alguns anos já venho afirmando que, em matéria de maus cortes de cabelo, nossa geração já superou a da década de 1980. Mesmo tomado por essa certeza, não consegui deixar de me surpreender ao ver a apresentação do Mars Volta no David Letterman. Sempre achei que as pessoas exageravam na babação em cima da banda, mas hoje posso afirmar com certeza: os gênios em que acredito têm bom senso suficiente para não sair na rua com um cabelo assim. Quem quiser conferir, que o faça por sua conta e risco nesse link (NSFW!!).

3 - YOU KNOW HOW I KNOW YOU'RE GAY?

As coisas ficam complicadas quando você se pega emocionado em duas ocasiões diferentes que só têm uma coisa em comum: "I will always love you". Pior do que isso: a primeira, foi vendo Moulin Rouge; a segunda, em um episódio de Gilmore Girls.

sexta-feira, abril 04, 2008

Obrigado Internet #04

quinta-feira, abril 03, 2008

É Tudo Verdade

Enquanto o acompanhamento razoavelmente próximo do É Tudo Verdade põe o blog na fila de espera por tempo livre, a cobertura na Cinética segue como prioridade da semana. A não ser que algumas horas não contadas resolvam surgir de debaixo do tapete, o blog segue sem grandes atualizações até o fim de semana.