sexta-feira, julho 27, 2007

Tell me that you love me more

1- Há algum tempo venho ensaiando uma volta à rotina deste blog. Terminei as gravações há cerca de um mês, mas estava esperando o site de minha nova banda ficar pronto para sincronizar um retorno completo e triunfal. Como sempre falho em triunfar, desisti de esperar e cá estou. As músicas permanecem escondidas por mais alguns dias, enquanto providencio a casa mais confortável possível para elas. Esse blog, porém, retorna hoje às atualizações (quase) freqüentes. Espero que esse tempo tenha servido para todos desenjoarem de mim.

2- Antes do GNT voltar sua programação para o público feminino, o canal exibia um documentário quadradão, mas ainda assim bem interessante, sobre os Beach Boys chamado "Endless Harmony". Já bem no finalzinho, Brian Wilson dizia que certas canções pareciam ter a capacidade de transmitir incondicional alegria ao mundo. Segundo ele, Paul McCartney teria alcançado isso com "Let it be", e os Beach Boys podiam se orgulhar desse feito com "Surfer girl".

Os ingleses do Magic Numbers não escreveram “Let it be” ou “Surfer girl”, e certamente não estão na mesma liga dos gênios acima (deveriam estar?). Mas na noite de anteontem, enquanto assistia ao show deles no Circo Voador, era tomado pela certeza de estar vendo uma banda que busca, canção após canção, transmitir a tal alegria incondicional definida de Brian Wilson. Se as fantasias e os confetes fazem do show do Flaming Lips uma inesquecível celebração de sorrisos, os Magic Numbers transmitem sensação muito semelhante (e tão intensa quanto) confiando apenas em sua música. No palco, os irmãos Stodart & Gannon transformam-se em pãezinhos cantores, e as simpáticas canções da banda tornam-se mais memoráveis a cada compasso. Se em disco a banda oscila entre belas melodias e momentos que beiram o asceticismo, é ao vivo que os vocais quase transparentes de Romeo e Angela ganham força real, as canções assumem seus devidos traços, e a baixista Michele Stodart prova ser das personagens mais interessantes de se ver em um palco na atualidade (não só por - como havia me alertado o Melvin - pilotar o instrumento com impressionante ousadia, mas também pela desinibida presença de palco que confere uma graça a mais à simpatia latente da banda).

Embora 2007 esteja muito longe de nos brindar com um calendário de shows tão marcante quanto o de 2005, a vinda dos Magic Numbers foi uma agradabilíssima surpresa. Curioso como uma banda que nunca tomei como mais que simpática tenha a capacidade de girar a chave certa, e me lembrar porque um dia decidi dedicar minha vida a ouvir e fazer música.

3- Assim como nos shows, 2007 não tem sido ano dos mais impressionantes no calendário cinematográfico carioca. Resta-nos celebrar a quase obra-prima "Medos privados em lugares públicos" (Coeurs), do veterano Alain Resnais, em cartaz nos cinemas do Rio. Em um filme leve, mas extremamente triste, o diretor constrói uma mise en scène das barreiras inevitáveis que, apesar dos encontros, separam as pessoas (marcado pelo belo recurso estético das cortinas e dos vidros que contornam a direção de arte, permitindo que as personagens se vejam, mas nunca se relacionem diretamente). Impressionante como Resnais parece atingir com esse filme um equilíbrio entre a abstração de suas obras mais célebres (o cinema do sujeito de "Hiroshima Mon Amour" – considerado por muitos o primeiro filme do cinema moderno – e o radicalismo temporal de "O ano passado em Marienbad") com a leveza cotidiana já indicada em “Amores parisienses”, seu último trabalho lançado no Brasil.

4- Se você sempre se interessou pelas canções que habitam as páginas deste blog, mas estava com preguiça de procura-las na internet, seus problemas acabaram! Basta ir à Casa da Matriz no próximo domingo (dia 29), onde estarei discotecando na pista 2 da festa Sundae Tracks, que encerra sua magnífica temporada de inverno. Na pista 1, show da banda Phone Trio e DJ Lins Valley cobrindo férias do Melvin. A festa começa às 23hs e vai até o sol raiar. Até meia-noite, promoção de duas caipirinhas pelo preço de uma (esbórnia garantida), e entrada por 10 R$ pra quem tiver com o nome na lista amiga. Se quiser tomar parte na bocada, é só deixar o nome completo nos comentários desse post até o meio-dia de domingo. Vai ser rock.