domingo, dezembro 30, 2007

Fabito’s Way 2007 Mix

Aprimorando as minhas tradicionais listas de fim de ano (lembrando que esse ano já foi povoado de listas por aqui), resolvi fazer uma coletânea das minhas canções favoritas lançadas em 2007. Sempre gostei de fazer coletâneas, mas tornar o hábito público me dá um novo tipo de satisfação. Várias das canções que aparecem neste "cd" (tá na medida pra queimar em um disco, se é que alguém ainda faz isso) já ganharam linhas desse blog, mas a idéia era tornar a coisa um pouco menos abstrata reunindo as canções, de fato, para download. Segue, portanto, a trilha-sonora sugerida para os tops que começo a publicar a partir de amanhã. Logo abaixo, derramo-me sobre cada uma das canções com a redundância apaixonada que já lhes é familiar. E que 2008 seja um ano mais bacana pra todos nós!






















01 – Maritime – Guns of Navarone

02 – Josh Ritter – Right Moves
03 – Son Volt – The Picture
04 – The Weakerthans – Tournament of Hearts
05 – Against Me! – Thrash Unreal
06 – The New Pornographers – My Rights Versus Yours
07 – Ben Lee – Love Me Like The World Is Ending
08 – Driving Music – I Am Trying Not to Break Your Heart
09 – Josh Rouse & Paz Suay – Car Crash
10 – Bishop Allen – Rain
11 – Ryan Adams – Oh My God, Whatever, Etc.
12 – Feist – 1, 2, 3, 4
13 – Wilco – Hate it Here
14 – Velvet Revolver – The Last Fight
15 – Bruce Springsteen – Long Walk Home
16 – Arcade Fire – No Cars Go
17 – The National – Start a War
18 – Idlewild – You and I Are Both Away
19 – Jimmy Eat World – Here it Goes
20 – Of Montreal – A Sentence of Sorts in Kongsvinger

01 – Maritime – “Guns of Navarone”
do álbum Heresy and the Hotel Choir

Faixas de abertura são uma questão delicada, pois elas determinam a maneira como você vai se relacionar com toda a obra que vem em seqüência. Não à toa, raramente consigo abrir uma coletânea com uma canção que não abra seu disco de origem. Não é questão de respeitar uma intenção autoral, mas sim de não conseguir me desprender de um frescor característico que me parece intrínseco a todas as boas primeiras faixas. No caso de “Guns of Navarone”, é uma faixa que empurra o ouvinte com uma força realmente impressionante, não deixando muita margem para hesitação. É uma canção que gosto de ouvir pela manhã, e o fato de ela ser a minha mais ouvida no Last.fm diz muito sobre o quanto de fé meus dias depositam nela. Poucas coisas podem ser tão cafeínicas nas primeiras horas quanto uma boa seqüência de três ou quatro acordes, espalhada por guitarras sem curvas em 3 cravadíssimos minutos.

02 – Josh Ritter – “Right Moves”
do album The Historical Conquests of Josh Ritter

O Josh Ritter está, definitivamente, entre os compositores que buscam no passado as referências para se criar algo familiarmente novo. Há alguns posts atrás, escrevi aqui que “Right Moves” parecia uma composição perdida do Brian Wilson para o Travelling Wilburys; de fato, a canção tem tanto de Wilson quanto de Dylan, Petty ou Harrison. Seu arranjo também me lembra muito o primeiro disco dos TW, principalmente por ficar naquela mistura simpaticamente desengonçada de estruturas de composição tradicional com um desejo de renovação pop que marca o disco de estréia da superbanda. Embora Ritter não seja exatamente um grande letrista, o paralelismo entre a integração do homem com a natureza e do amor com a música não deixa de ter bons momentos (gosto, em especial, do verso “I heard the night birds picking up the song / You threw your hair back and sang along / And I realized that I might lose you, you might lose me / Drift apart in the night and never know why”). Ao fim, minha relação com música não está muito distante disso.

03 – Son Volt – “The Picture”
do álbum The Search

O Son Volt é a banda formada pela segunda metade criativa do fabuloso Uncle Tupelo: enquanto Jeff Tweedy foi dominar o mundo com o Wilco, Jay Farrar e sua banda seguem com seu alt-country mais tradicional, mas igualmente convincente. Em “The Picture” - o primeiro single e a melhor faixa do álbum The Search - a inflexão de Farrar por vezes evoca Michael Stipe, mas com impostação travada pelos dentes que mascam tabaco. A sensacional linha de metais que puxa a canção está, sem esforço, entre os melhores riffs do ano. O bom é que a banda tem plena consciência disso, e a traz de volta várias vezes durante a canção.

04 – The Weakerthans – “Tournament of Hearts”
do álbum Reunion Tour

Desde Fallow, album de estréia do quarteto canadense The Weakerthans, tenho John Samson como um dos mais habilidosos contadores de estória do nosso tempo. “Tournament of Hearts” acompanha um sujeito que não quer ir pra casa, e entorna suas angústias como pints de cerveja em um bar. O repertório de imagens de Samson é de sufocante expressividade: as flâmulas velhas que amarelam na parede; os integrantes de um time campeão do passado que, emoldurados em uma velha foto, desaprovam o comportamento do protagonista; o tira-gosto que pergunta o que ele ainda faz fora de casa. Tudo isso para lutar com a dificuldade que cerca todos os discos da banda: a falta de palavras novas que dêem conta de sentimentos que já não encontram expressão precisa em vernáculos empalidecidos pelo uso. É com essas imagens que Samson constrói mais um de seus inesquecíveis personagens, imortal em três minutos e meio de uma canção pop. Como bônus ainda temos a deliciosa brincadeira de “never ever”s do refrão; palavras que rolam pela boca como uma bala que nunca parece doce demais.

05 – Against Me! – “Thrash Unreal”
do álbum New Wave

A personagem de “Thrash Unreal” não está muito distante da angústia que toma “Tournament of Hearts”, e suas soluções são basicamente as mesmas: escapar das semanas bebendo e dançando a desesperança de uma vida diferente. Em um primeiro momento o coro de pa-pa-pa pode parecer golpe baixo, mas é só Tom Gabel atropelá-lo com a melodia do refrão para apagar a dúvida de que estamos diante de um dos mais vigorosos rockões do ano.

06 – The New Pornographers – “My Rights Versus Yours”
do álbum Challengers

Os New Pornographers não só fizeram uma das melhores canções do ano, como provavelmente fizeram a melhor letra. De certa forma, “My Rights Versus Yours” é uma resposta – embora essencialmente onírica, e por isso mesmo arriscada – às questões das duas canções anteriores: diante da angústia, resta sempre a oportunidade de se encontrar “a verdade em uma tarde livre”. A letra de “My Right Versus Yours” me faz lembrar o belíssimo passeio de carro ensolarado que toma o sonho dos garotos ao final de As Virgens Suicidas (embora seu lado mais otimista também esteja muito próximo de toda a segunda metade de Blissfully Yours), e muito da letra caminha em desequilíbrio parecido: são personagens em constante risco de perda (“The medicine, it still won't work / But there's dangerous levels of it here”), que seguem em frente tomados pela esperança de vivenciar, nem que seja por um breve instante, a essência do mundo (“Under your wheels, the hope of spring / Mirage of loss, a few more things / You left your sorrow dangling / It hangs in air like a school cheer”). Acho “miragem de perda” uma imagem de riqueza ímpar. É algo que eu gostaria de ter escrito.

07 – Ben Lee – “Love Me Like The World Is Ending”
do álbum Ripe

Quando passei da primeira para a segunda faixa dessa compilação, me espantei por ter conseguido enfileirar duas faixas com a palavra “lions” em suas letras. Mais espantoso (meio patológico, até), porém, é ver o desenho temático em que as canções foram se ajustando, e que só percebo agora, enquanto escrevo sobre cada uma delas. Com Ripe o Ben Lee sai de vez do conforto de singer/songwriter para indies, e entra no delicado terreno dos artistas com intenções francamente pop. O disco patina em diversos momentos, mas não o suficiente para apagar seu brilho. “Love Me Like The World Is Ending” é um complemento radiofônico a “My Rights Versus Yours”: enquanto a canção dos New Pornographers se entrega a um imaginário livre e dominante, Ben Lee busca conforto na promessa de uma frase vazia, de um lugar comum. A idéia de se extinguir para poder viver, porém, é a mesma, e Ben Lee não passa por ela sem deixar versos de comovente simplicidade (“And I know the sky is what makes the ocean blue”, ou “And they all say to pour it has to rain / So don’t complain if we get wet”).

08 – Driving Music – “I Am Trying Not to Break Your Heart”
de Demo 2007

Como o blog é meu, a coletânea é minha, e o ano foi meu, não pensei duas vezes em colocar uma das minhas canções aqui no meio também. De certa forma, o desejo é bastante próximo do último par de canções: navegar embora com a ironia que nos resta. Mas digo, sem rodeios, que colocaria meu filhote entre os mais adoráveis sem grande culpa: gosto muito, muito mesmo dessa canção. E não deixa de ser um conforto (e de, em retrospecto, fazer um sentido danado) perceber que minhas ansiedades são compartilhadas por algumas das canções que vêm encaixando as peças dos meus dias.

09 – Josh Rouse & Paz Suay – “Car Crash”
do ep She’s Spanish, I’m American

Após o belíssimo dueto em “The Man Who Doesn’t Know How To Smile” (de Subtítulo), o casal Josh Rouse e Paz Suay lançam o ótimo ep She’s Spanish, I’m American. A primeira faixa é “Car Crash”, uma das melhores e mais animadas canções já escritas por Rouse (chega a flertar com o funk, espalhando wah wahs pelos cantos). A letra da canção é quase uma transcrição de tudo que passa pela minha cabeça quando pego um táxi no Rio de Janeiro.

10 – Bishop Allen – “Rain”
do album The Broken String

A lógica de “Rain” é de niilismo diferente da de “My Rights Versus Yours” ou de “Love Me Like The World Is Ending”: para o Bishop Allen, as coisas só melhoram após ficarem realmente ruins por um dia. A melodia de “Rain”, porém, olha para o depois da chuva, para a cidade já limpa depois de a enxurrada tirar tudo do lugar. É um refrão incrivelmente sedutor, e a versão que você encontra nessa coletânea é exclusiva (‘cause I’m good like that!): enquanto a introdução de bateria é compartilhada com o fim da faixa anterior na masterização original, só aqui você pode ouvir o compasso inteirinho, sem ter que começar a dançar antes mesmo de entender o tempo da porcaria.

11 – Ryan Adams – “Oh My God, Whatever, Etc.”
do álbum Easy Tiger

Não me parece errado dizer que Easy Tiger se situa entre os discos menos inspirados de Ryan Adams: não há nada ali que faça jus aos dias de Heartbraker, Gold ou mesmo Jacksonville City Nights. Muito por Adams não fazer muita cerimônia em cair no piloto automático, desperdiçando momentos inspirados em canções que parecem se escreverem sozinhas e sem muita vontade. “Oh My God, Whatever, Etc” é uma das melhores do disco, talvez por lembrar mesmo a época de Heartbreaker. E se é uma pena que, na segunda estrofe, Ryan Adams não dê cabo à interessante primeira metade da canção (o homem que ouve pedaços da vida do vizinho pela parede), ainda temos uma melodia belíssima para levar na cabeça.

12 – Feist – “1, 2, 3, 4”
do álbum The Reminder

Eu tinha pensado em driblar a obviedade e colocar uma outra canção da Feist aqui. A questão é que “1, 2, 3, 4” é a melhor canção do ano, e tira-la desse cd seria como o Coutinho tirando “My Way” do final do Edifício Master só porque ia ficar um final bom demais.

13 – Wilco – “Hate it Here”
do álbum Sky Blue Sky

No dvd que acompanha a edição gringa de Sky Blue Sky, Jeff Tweedy diz que só queria escrever letras que sua mulher pudesse cantar sem temer pela sanidade do marido. De diversas maneiras, Sky Blue Sky é um longo pedido de desculpas, e em “Hate It Here” isso ganha uma transparência desconcertante: o homem que busca maneiras de passar o tempo enquanto espera pela sua amada, para só no final admitir que, na verdade, ele não sabe lidar com a realidade de que ela não mora mais ali.

14 – Velvet Revolver – “The Last Fight”
do álbum Libertad

Você sabe que o mundo segue correndo sobre os eixos certos quando bandas de rock ainda escrevem grandes baladas sobre os dias passados na cadeia.

15 – Bruce Springsteen – “Long Walk Home”
do álbum Magic

O Bruce Springsteen ainda canta sobre cidades mortas como ninguém, e “Long Walk Home” é o melhor exemplo a se encontrar no excelente Magic. Se a canção do Velvet Revolver fala da culpa do transgressor, o narrador de Springsteen parece sempre recém-saído da prisão: seu desejo de sorver o mundo é avassalador, mas é um desejo insaciável, pois esse mundo não é mais reconhecível. “Long Walk Home” tem ao menos duas grandes encapsulações desse sentimento: “The diner was shuttered and boarded /With a sign that just said ‘gone’ ” e o pai que diz ao filho “Your flag flyin' over the courthouse / Means certain things are set in stone / Who we are, what we'll do and what we won't”

16 – Arcade Fire – “No Cars Go”
do álbum Neon Bible

Funeral, o disco de estréia do Arcade Fire, continha um indiscutível hino: “Wake Up” era uma canção tão absolutamente grandiosa que extraiu elogios de meio mundo, e se tornou introdução para os shows da turnê Vertigo do U2. De certa forma, Neon Bible é um disco de anti-hinos, o que não deixa de ser uma resposta digna a toda a expectativa criada em torno da banda. Muito por isso, acho extremamente difícil isolar as canções do disco sem tirar sua força contextual. “No Cars Go” talvez seja a única exceção, o que faz bastante sentido: a versão de Neon Bible é uma regravação da canção, que já aparecia no ep de estréia da banda. A melodia esplendorosa faz contraste notável à simplicidade certeira da letra, gerando mais um belo momento de um dos grupos mais legais a surgir nos últimos anos.

17 – The National – “Start a War”
do álbum Boxer

“Start A War” talvez preceda o lamento conformado que Tweedy desfia em “Hate It Here”: o que temos aqui é o momento irreparável da separação, e o desespero de quem se vê empurrado à desagradável esquina da vontade contrariada. Se no brilhante Alligator Matt Berninger se firmava como uma das vozes mais profundas do pop atual, recitando as cinco linhas de “Start A War” ele soa como o canto da própria consciência. Poucas frases já traduziram tão bem o fim de um relacionamento quanto “Whatever went away I’ll get it over now / I’ll get money, I’ll get funny again”.

18 – Idlewild – “You and I Are Both Away”
do álbum Make a New World

Depois do fraco Warnings, promises, o Idlewild recupera parte do seu brilho em Make a New World com alguns pares de belas canções. “You and I Are Both Away” é da fração mais U2 da banda, de onde já surgiram coisas primorosas como “American English” e “Live in a Hiding Place”. Embora eles nunca tenham me impressionado pelas letras, às vezes pesco uma ou outra jóia de simplicidade, e “You and I Are Both Away” tem uma delas: “It's more than I am / To be more than I am”.

19 – Jimmy Eat World – “Here It Goes”
do álbum Chase This Light

Desde o fantástico Bleed American, o Jimmy Eat World vem se empurrando para o desconfortável limite entre quem não quer se levar a sério demais, e quem se leva a sério demais. Assim como Futures, Chase This Light se perde um pouco nesse buraco, sem nunca mostrar vontade de fato de sair dele. Mas em certas canções eles chutam a vergonha de lado e voltam a fazer música abertamente pop, com batidas de dance music, refrões pegajosérrimos e até um hey-hey-hey de frat party meio constrangedor. “Here It Goes” tem tudo isso, e por isso mesmo se sai como a melhor do disco. Quando levo meu discman (sim, eu ainda uso discman) comigo, sempre me flagro adequando o passo ao andamento da canção que me chega pelos headphones. “Here It Goes” ainda traz esse potencial de constrangimento: mais de uma vez já me percebi marchando pelas ruas da cidade, em uma ridícula dancinha involuntária.

20 – Of Montreal – “A Sentence of Sorts in Kongsvinger”
do álbum Hissing Fauna, are you the Destroyer?

De tudo que eu ouvi em 2007, o Of Montreal é a banda que eu gostaria de ter curtido mais. “A Sentence of...” abre Hissing Fauna como um Abba moderno, com programações divertidas e tiradas de humor na medida certa (quantas canções começam fazendo troça de bandas de metal norueguesas?). Além disso, construções melódicas bastante sofisticadas (em certo momento chegam a lembrar o que Brian Wilson tornava normal em Pet Sounds ou mesmo Smile) e uma ou outra imagem de inegável simpatia (“Our plane is sleeping on a cloud”) levam o baile da canção com uma vivacidade extremamente bem vinda. É pena que o resto de Hissing Fauna ainda não me pareça tão bom quanto seu começo. Fechar essa coletânea dessa maneira não deixa de ser um desejo de ano novo, esperando clicks e acenos amigáveis de canções tão sorridentes quanto essa.

sexta-feira, dezembro 28, 2007

If everybody had an ocean

Em jornada prima próxima dos passeios de ônibus de “Vai e vem”, gratinava eu em um 110, sob o azul-croma de feriado que meu dia útil se negava a disfarçar. Lá na frente, esse mesmo calor revelava, ao translucidar com suor o uniforme do trocador, a ideologia da camiseta de baixo que não se intimidava frente o peso do trabalho: Every day is a good day for surfing.

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Top 5 da semana

Em meio à confusão de natal+aniversário (já aceito parabéns nos comentários, embora espere ainda postar isso no dia 26)+passagem de ano, resolvi deixar cá uma última listinha, antecipando a listona que abre todo novo ano aqui, no Fabito's Way. Logo nos primeiros dias de 2008, portanto, começo a eleger meus melhores por cá – filmes primeiro, discos em seguida, como no ano passado. Depois de quatro necessários dias de descanso em Barra Mansa, encerrei meu 25 tentando matar a alergia crônica com os últimos copos de chope do barril do Natal, enquanto seguia quitando – pau-la-ti-na-men-te – minha dívida com o Rohmer. Foi uma belíssima maneira de enterrar o feriado, e não deixei de me enfurecer com essa vida ingrata de trabalhos fixos que não permitem realizar a vontade de ficar, por um dia ou dois mais, onde eu realmente gostaria de estar. Espero que no ano que vem eu consiga extrair os milhões que se escondem nessa carreira de roqueiro em potencial, para poder reclamar com um pouco menos de razão.

Filmes

01 - O Mundo (Shijie) – Jia Zhang-ke


Até hoje só tinha visto "O Mundo" em um rip baixado no eMule. Revendo o filme em um belo dvd área 1, é desnecessário dizer que minhas impressões foram ainda melhores. Jia Zhang-ke me ganhou por completo da primeira vez que vi "Plataforma", e seus filmes seguintes vêm mantendo um nível realmente assustador. O tal World Park, onde ele filma "O Mundo", me parece a locação perfeita para abrigar o misto de fascínio e repúdio que o atual estado de coisas na China põe em movimento dentro do diretor. É, de fato, um filme absolutamente embasbacante.

02 – Pauline na praia (Pauline à la plage) – Eric Rohmer


De Rohmer, até pouco tempo só conhecia "Conto de verão". Lembro ter visto o filme no cinema, com minha mãe e minha irmã. Elas ficaram extremamente irritadas com a canção do piratinha que alguém começa a cantar lá pela metade do filme, e saíram um pouco aborrecidas. Em mim, o filme deixou impressa a suavidade do desenrolar, a leveza climática, o desapego de Rohmer a tudo que o mundo tende a considerar grande em nome de coisas pequeníssimas. Dia desses me lembrei com carinho dessa sensação, e decidi mergulhar nos filmes do diretor. De fato, a locação de "Pauline na praia" me trouxe de volta – e com muita vivacidade – tudo aquilo que lembro de ter sentido em relação a "Conto de verão". A diferença é que, hoje, o tal apego miúdo de Rohmer me parece projeto de nobreza realmente insuperável. Seus filmes são um prazer só.

03 – Operação França (The French Connection) – William Friedkin


Outra dessas dívidas que ao pouco vou riscando do caderninho, o famosíssimo filme de Friedkin merece tudo que construiu ao longo dos anos. Inclusive "Os donos da noite", filme de James Gray que faz ao menos um par de homenagens a algumas das melhores seqüências do filme. É o tipo de situação em que pai e filho só têm a se orgulhar.

04 – O virgem de 40 anos (The 40 Year Old Virgin) – Judd Apatow


Finalmente vi o director's cut de uma das melhores comédias lançadas nos últimos anos. Mesmo com quase 20 minutos a mais, o ritmo de "O virgem de 40 anos" permanece absolutamente inabalável. Que venha a faixa comentada.

05 – Viver ou morrer (Dead or Alive: Hanzaisha) – Takashi Miike


É uma satisfação ver as filmografias (ou parte delas) de sujeitos tão interessantes quanto Takashi Miike e Johnny To sendo lançada em dvd no Brasil. Os incríveis dez minutos iniciais de "Viver ou morrer" parecem resumir todas as intenções do cinema de Miike, e o fato de o filme conseguir se sustentar depois dessa enxurrada diz muito sobre o talento de Miike como diretor. "Viver ou morrer" é um dos filmes mais extremos e descontrolados de um dos artistas mais extremos e descontrolados dos nossos tempos. Famoso por interesses temáticos peculiarmente desafiadores (só em "Viver ou morrer" temos cenas de bestialidade, escatologia, mutilação, muita droga, muito tiro – até de bazuca – e muito sangue), me impressiona como Miike acaba tendo ignorado seu impressionante talento visual. Vendo "Viver ou morrer", por muitas vezes me senti diante do mais direto herdeiro de Seijun Suzuki.

Canções

01 – "Long way home" – Norah Jones

Nas compras de Natal, me dei de presente o dvd "Norah Jones and the Handsome Band Live", de 2004. Assistindo à belíssima apresentação (filmada sem grande brilho de direção, a não ser pelos bonitos registros em passagem de som) fui surpreendido quando Norah Jones anunciou uma canção do Tom Waits, e logo tocou "Long way home" – uma de minhas faixas favoritas de Feels Like Home, seu melhor álbum. Amaldiçoei o fato de eu não comprar mais cds ou ler sobre tudo que ouço no Allmusic – locais onde posso ter esse tipo de informação de forma muito mais suave. A descoberta, porém, faz todo sentido: embora eu não conheça a versão de Waits (que, ao que parece, só foi lançada em 2006, no seu álbum triplo de sobras), toda a estrutura da canção sugere a interpretação do cantor. O trabalho de Norah Jones, porém, não é menos que extraordinário, e sua voz ganha um belo adorno (timidíssimo, me parece) ao vivo.

02 - "Take me anywhere" – Tegan & Sara

Ainda não fui de todo sugado por The Con – último disco de Tegan & Sara que já vem aparecendo em algumas listas de melhores do ano. The Reason, o anterior, tem canções agradabilíssimas, e "Take me anywhere" é a melhor delas. Além de artistas de talento, as duas canadenses são irmãs gêmeas e lésbicas. Sim, irmãs gêmeas e lésbicas. Se isso é pauta valiosa para qualquer publicação, não sou eu que vou fazer do Fabito's Way uma exceção.

03 – "Silly love songs" – Paul McCartney

Porque Paul McCartney sem vergonha de fazer músicas para discoteca é bom demais para se ignorar.

04 – "Beautiful girl" – INXS

Há muito tempo atrás, estava eu prestes a descer de um táxi quando uma familiar melodia de teclado começa a tocar no rádio. Deu vontade de ficar para ouvir o resto da canção, mas minha fobia de táxis foi mais forte. Meses depois, lá estava eu em minha aula de pilates quando o mesmo teclado encheu a sala. Foi só entrar a voz do Michael Hutchence para eu me lembrar do INXS – banda que nunca me dei ao trabalho de conhecer com um mínimo de cuidado. "Beautiful girl" é, com efeito, uma excelente canção. Logo depois o rádio veio se confirmar como relevante veículo de alegria, e foi vez de o Ben Lee entrar com "Catch my disease". Obrigado Antena 1.

05 - "Life On A Chain" - Pete Yorn

O Pete Yorn é mais famoso por suas covers - uma do Buzzcocks na trilha do segundo Shrek, outra do Ramones naquele álbum tributo de alguns anos atrás - do que por seu trabalho como compositor. Tremenda injustiça. Lá fora, a inclusão de "Strange Condition" na trilha de "Eu, eu mesmo e Irene" fez de musicforthemorningafter - seu primeiro álbum - um razoável sucesso. "Life On A Chain" é a canção que abre o disco, e o faz de maneira brilhante. Uma boa letra e um grande refrão seriam plenamente suficientes, mas ainda temos um solo de baixo surrupiado da cartilha de Peter Hook, que faz par a uma surpreendente intervenção de gaita. Seus discos não são regulares, mas musicforthemorningafter é o que chega mais perto. Ainda assim, Yorn conseguiu cravar um número considerável de faixas memoráveis em seus álbums seguintes. Basta uma audição de "Crystal Village" (de Day I Forgot) ou de "The Man" (de Nightcrawler) para ter certeza de que o talento de Yorn é vítima de grande subestimação.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Top 5 da semana

Vou tentar, a partir dessa semana, levar a cabo um top 5 duplo: uma lista de filmes, outra de canções. As idéias de o quê escrever para o blog não jorram como eu gostaria, e essas listas aleatórias deixam de ser inúteis ao me conformarem a uma mínima periodicidade, forçando as palavras ao convívio com o mundo. Parece-me um bom exercício.

Por fim (antes do começo), não sei qual a temperatura da descoberta, mas hoje cedo fiquei sabendo de duas grandessíssimas aquisições do Telecine Cult para 2008: “O mundo”, de Jia Zhang-ke, e “Three Times”, de Hou Hsiao-hsien, entram para a grade do canal em Janeiro. Mais do que duas belas estréias, a abertura do canal a dois dos nomes mais importantes do cinema mundial contemporâneo (somada ao lançamento de “Em busca da vida” nos cinemas do Rio, e da já anunciada aquisição de “A viagem do balão vermelho” para distribuição comercial) talvez sinalize a entrada definitiva dos dois realizadores no circuito brasileiro. “Three times” não é irretocável como “Millennium Mambo”, “Adeus ao Sul” ou “Café Lumière”; a culpa, porém, é de seu primeiro tempo (o do amor). A beleza que Hou Hsiao-hsien alcança na primeira de suas três estórias é tão estonteante que acaba dificultando a vida das partes seguintes (quem será capaz de fazer frente a um jogo de sinuca ao som de “Smoke gets in your eyes”? Quem?). Parece-me, porém, uma ótima iniciação à obra daquele que muitos consideram o mais importante realizador em atividade. De Jia Zhang-ke, basta dizer aos que viram “Em busca da vida” (filme que certamente entrará na minha lista de melhores do ano) que “O mundo” é ainda melhor. Além disso, também pesquei um “Close Up” na grade do canal. Resta torcer para que seja, de fato, o de Kiarostami, e não uma excentricidade de tradução.

Filmes

01 – Império dos sonhos (Inland Empire) – David Lynch


A minha sensação de que o fim de ano guardava as melhores estréias vem se confirmando.Mais do que uma obra-prima, “Império dos sonhos” é mais uma confirmação de um cineasta de espírito inquieto, disposto a desafiar até mesmo a sua própria (já consagrada) estética. É um desses filmes que pedem, de fato, uma nova relação até mesmo dos espectadores mais vacinados (e quantos fãs de Claire Denis não conseguiram passar por “O Intruso”?). No caso de Lynch, o movimento é extremamente saudável: seus seguidores mais cartesianos são tipo dos mais chatos em qualquer discussão sobre cinema. “Império dos sonhos” me parece radical o suficiente para faze-los engolir os risos (e as risadas desconexas de toda a encenação da família-coelho me parece um recado bastante direto a todos que sempre acreditaram estar rindo com David Lynch) e os manuais de instruções, acuando-os para o fundo da sala.

02 – Repulsa ao sexo (Repulsion) – Roman Polanski


O que mais me impressiona no cinema de Polanski é sua capacidade de ir borrando, progressivamente, o limite entre a paranóia e o desejo obsessivo. “Repulsa ao sexo” se entrega a essa ambição com a mesma voluntariedade que “O bebê de Rosemary”, e o resultado não é nada menos impactante. Além do mais, a carcaça do coelho morto é metáfora de literalidade tão desconcertante que faz frente ao choro sobre o leite derramado de “Não Amarás”.

03 – Irmãs diabólicas (Sisters) – Brian de Palma


Quanto mais rumo ao passado de Brian de Palma, maior a impressão de ser ele um desses raros casos (como Orson Welles, Tsai Ming-liang, Quentin Tarantino) de diretores que já nascem com o olhar absolutamente maduro. “Irmãs diabólicas”, um de seus primeiros longas (e não conheço nenhum dos anteriores), já é tomado por todas as questões que povoam a obra de De Palma: o duplo (que reaparece em “Síndrome de Caim”, “Vestida para matar”), a consciência extrema da mise-en-scène, o jogo com uma estética popular (o início de “Irmãs diabólicas” é quase idêntico em estrutura ao de “Um tiro na noite”), a referencialidade (e Hitchcock é apenas a ponta mais óbvia de um repertório extremamente vasto), a resignificação dos objetos pelas convenções (a bisnaga de confeiteiro que é empunhada como uma faca, nos primeiros minutos de “Irmãs diabólicas”, indicando o assassinato que virá a ocorrer pouco depois). É um filme em que a contribuição que me parece maior em toda a obra do diretor já está em pleno vigor: a câmera que nunca olha, sempre espia, espreita, vê o que não deve, gerando uma mise-en-scène no entorno da diegese (a mise-en-scène de quem olha). Essa obsessão marcará toda a obra de De Palma: da antológica seqüência do vestiário feminino de “Carrie” à câmera que sobe o telhado para testemunhar um assassinato em “Dália negra” (e que toma o centro da narrativa em filmes como “Um tiro na noite”, “Dublê de corpo” e, pelo que indica o pouco que li, “Redacted”).

04 – Noites de lua cheia (Les nuits de la pleine lune) – Eric Rohmer


Às vezes basta você colocar telas de Mondrian no quarto de uma das personagens (e deixar que a estrutura das telas transforme as linhas da janela de um quarto em uma composição apropriada), e colunas gregas na de outro para indicar como seus olhares sobre uma mesma relação podem ser dissonantes. Eric Rohmer tem uma habilidade invejável em conciliar o rigor com uma fruição inabalavelmente agradável; muito do que falei sobre Bergman na semana passada parece encontrar resposta direta nos filmes de Rohmer, e “Noites de lua cheia” é apenas mais um bom exemplo.

05 – Um amor jovem (The Hottest State) – Ethan Hawke


O filme de Ethan Hawke provavelmente não entraria nessa lista se sobrasse na conta. Mas, façamos justiça, é ele que inspira a minha primeira contribuição à revista Cinética – onde você pode ler minha a minha crítica sobre o filme. O convite para escrever na Cinética vem dar vazão às minhas impressões sobre cinema, e espero que seja apenas a primeira de uma série de contribuições. E sim, eu dei um jeito de enfiar o Wilco e a Feist no meu primeiro texto por lá também.

Canções

01 – "Ol’ 55" – Tom Waits

Eu sou absolutamente obcecado pelo Tom Waits. O problema é que às vezes eu me esqueço disso, e preciso que o Godard esfregue “Ruby’s arms” em meu nariz para me fazer perceber que eu deveria estar ouvindo toda a discografia do Tom Waits no repeat, dia após dia. “Ol’ 55” é a canção que abre o fabuloso Closing Time, e é a favorita dessa semana. Por nenhum motivo que não o de ser uma canção absolutamente irresistível.

02 – "Rain" – Bishop Allen

É uma grande ironia sofrer com três dias de chuva ininterrupta após passar a semana inteira cantando “Oh, let the rain fall down and wash this world away”. Nesses dias o Rio parece ser o único lugar capaz de desafiar o mantra de Travis Bickle, pois quanto mais chove, mais sujeira parece sair das entranhas da cidade. Dando fim à digressão, “Rain” poderia ser uma canção do Guster, mas só se nascida de uma parceria com o Gordon Gano, movida pelo ciúme doentio que “Careful” sente da frivolidade de “Amsterdam”.

03 – "Sinner Man" – Nina Simone

E quando eu achava, do alto de meu conforto, que “Novo Mundo” havia amarrado o imaginário visual sugerido pela canção, lá me vêm os créditos de “Império dos sonhos”, trazendo à canção uma intensidade que parecia ainda inexplorada.

04 – "The Silence Between Us" – Bob Mould

Bob Mould é um de meus compositors favoritos, e é sempre reconfortante ouvir uma nova criação sua e se sentir testemunha de forma tão plena. “The Silence Between Us” é uma canção belíssima, e vem confirmar seu District Line como um dos mais aguardados discos de 2008.

05 – "1, 2, 3, 4" – Feist

No fundo, acredito já ter perdoado a Feist pelo perdidão no Tim Festival. Mas dia desses eu tava vendo Mtv (sim, eu nutro curiosidades que às vezes escapam a qualquer explicação) e passou uma vinheta com um trecho do clipe de “1,2,3,4”. Desde então venho me perguntando se custava muito ela ter vindo até o Congo fazer a meninada mais feliz.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Top 5 da semana

01 – Carmen de Godard (Prénom Carmen) – Jean-Luc Godard – Nunca tinha visto “Carmen”, e ver um Godard pela primeira vez me é sempre uma experiência mais física do que intelectual. Nesse sentido, as ondas (do mar, da luz, das cores, das músicas, dos corpos) de “Carmen” são um banquete. E acho melhor nem entrar na beleza quase indecente que ele arranca de “Ruby’s Arms”, do Tom Waits, pelo risco de passar a noite toda escrevendo e não conseguir ir trabalhar amanhã.

02 – Novo Mundo (Nuovomondo) – Emanuele Crialese – É uma tristeza ver o que uma cópia ruim (mesmo nova) pode fazer com a fotografia de Agnès Godard. O preto empastelado, a dessaturazação, o contraste todo cagado... tudo tenta jogar contra o filme. Ainda assim, “Novo Mundo” é, como esperava, uma maravilha só.

03 Videodrome – David Cronenberg – Embora todo filme de Cronenberg me pareça uma síntese de todo seu projeto estético, “Videodrome” me parece ser o momento em que isso se dá de forma mais acabada, completa (o abraço à ficção, o cinema como arte essencialmente sexual, o sujeito em risco de anulação, as texturas). Não é meu filme favorito de Cronenberg (tendo a gostar mais de coisas menos acabadas e completas), mas é provavelmente o que eu recomendaria para qualquer pessoa querendo compreender melhor a obra do diretor.

04 A música de Guion (Gion bayashi) – Kenji Mizoguchi – Não me parece um grande Mizoguchi (não como “Contos da lua vaga” ou “Os amantes crucificados”, por exemplo), talvez por ser menos exuberante (nos travellings, no jogo de luz e sombra, nos enquadramentos). Ainda assim, poder conhecer mais um pedaço da obra de um dos mais importantes realizadores do cinema japonês (o filme reprisa na sexta-feira, no CCBB-Rio) traz sempre uma nova nuance a uma personalidade cinematográfica aparentemente tão consolidada. Enfim, nada como ver os filmes.

05 Sonata de Outono (Hostsonaten) – Ingmar Bergman - Não consigo ter outro sentimento em relação a Bergman que não um de ambigüidade. Porque ao mesmo tempo em que ele fez filmes que gosto muito, como “Morangos Silvestres” e, sobretudo, “Persona”, alguns de seus trabalhos – mesmo trazendo questões interessantes – me parecem pai dessa auto-comiseração chata, desse apreço pelo sofrimento e pelo drama fácil que define um certo cinema de “arte” de nossos tempos. É meio injusto culpar o pai pelos filhos feios, mas entre os belos amarelos de “Sonata de Outono”, entre os rostos sempre impressionantes de Liv Ullmann e Ingrid Bergman, entre o belo olhar para a câmera de Halvar Bjork e as vogais desconcertantes (em língua cheia de consoantes) de Lena Nyman, essa coisa toda batia com uma intensidade bastante incômoda.

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Sobre sábado

Por mais que eu seja pagante dos mais dedicados, nunca realmente cogitei ir ao show do Police. Em primeiro lugar porque, com exceção de uma meia-dúzia de canções, não acho a banda lá grande coisa. Em segundo, porque qualquer show que burle meu código de sobrevivência em primeiras filas cobrando mais caro pelo privilégio das áreas vips não vai ver meu dinheiro. E em terceiro – e mais importante – porque toda vez que ouço uma gravação de rock brasileiro feita dos anos 80 pra cá e me irrito com os timbres magros e com aquele sonzico de Fender ensopado de reverb, não consigo afastar a suspeita de que, de alguma forma, o Sting está por trás disso tudo.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Top 5 da semana

01 – “Guns of Navarone” – Maritime – 15 audições depois, ainda me parece uma canção incrível.

02 – “My Right Versus Yours” – The New Ponographers – Não conheço o New Pornographers a ponto de me considerar fã, mas Challengers – o último disco da banda – é uma beleza. “My Right Versus Yours”, faixa que abre o disco disposta a não se deixar ser superada, é de um refinamento melódico próximo ao que marcava as melhores coisas do Left Banke.

03 – “Right Moves” – Josh Ritter – The Historical Conquests of Josh Ritter é ainda melhor que o belo The Animal Years, e “Right Moves” é só um dos destaques possíveis de um disco que beira o impecável. A canção parece ser uma gravação perdida dos Travelling Wilburys para uma música inédita do Brian Wilson.

04 – “Thrash Unreal” – Against Me! – O AM! lançou o disco mais rock do ano, e “Thrash Unreal” foi a primeira faixa a realmente me impressionar. Depois ela cedeu espaço para “New Wave”, “Up the Cuts” ou “Borne on the FM Waves of the heart”, mas na última semana o refrão dela voltou a ocupar fração considerável da minha cabeça, e me acompanhou por vários cantos da cidade.

05 – “Saddest Quo” – The Pernice Brothers – Às vezes ouvir um disco do Pernice Brothers traz efeito semelhante ao de se comer três sobremesas em seqüência. Mas quando eles conseguem arredondar todas as pontas de uma canção, se tornam de fato irresistíveis. Acho a letra de “Saddest Quo” de uma pureza meio cafona, mas a melodia é tão boa que fica fácil de passar por cima.