sábado, julho 01, 2006

Copa Cola

1- Esse tempo todo evitei falar da Copa por aqui, mas agora que já é inofensivo contribuo com minhas moedinhas. Não vou dizer que Parreira é caído, que o Ronaldo tava gordo, que ninguém jogou nada contra a França, pois, afinal, não sou imprensa. Mas só cumprimento Deus pelo senso de humor em colocar o gol francês justamente nos pés daquele que, durante a semana, havia dito que o Brasil só era favorito porque enquanto ele estava na escola os jogadores brasileiros já estavam jogando bola. Só faltou um corte seco pra Deus com cara de Didi Mocó, e na trilha-sonora o Pelé cantando "A, B, C... A, B, C..."


2- Meu Reverendo favorito postou em seu RTU uma excelente análise do clipe "Wake Up", da Hilary Duff, dirigido por Marc Webb. Sobre "Wake Up" nada tenho a dizer que Rev.Albuquerque já não tenha dito melhor, mas sinto-me obrigado a tecer randomicidades sobre seu favorito "Helena", do My Chemical Romance (dirigido pelo mesmo Marc Webb). Minhas reservas ao clipe têm pouco a ver com a minha completa ausência de afeição pela bandica, mas sim por achar que é um exemplo perfeito onde a má direção é a ruína de uma grande idéia.

Sem dúvida, Marc Webb marca pontos ao retomar as origens do sucesso do videoclipe (obviamente "Thriller", de Michael Jackson), adaptando-a à proposta estética do cliente (mesmo essa proposta sendo tão inaceitável quanto a do My Chemical Romance). O grande deslize de Webb, porém, é não perceber os recursos narrativos solicitados pelo gênero. Por que filmar coreografias de grupo em planos fechados? Por que mutilar em planos curtos um objeto que pede um maior tempo de observação? Como compreender a coreografia de conjunto se o conjunto em si é raramente mostrado? Por que usar um elemento de visualidade tão grande quanto os guarda-chuvas e não fazer planos gerais (e de cima para baixo) suficientes para que o efeito se dê?

Por "Helena", fica a sensação de que Marc Webb pode ser mais um diretor de clipes que ferve com idéias originais, mas tropeça ao não conhecer as propriedades narrativas do audiovisual. O My Chemical Romance devia ter chamado o carnavalesco que era da Unidos da Tijuca pra dirigir o clipe.


3- Não tenho ouvido muitos discos recentes, ou mesmo prestado atenção às dúzias de bandas de pop punk genérico que surgem todos os dias. Recentemente, porém, me percebi escutando Commit this to memory, segundo disco do Motion City Soundtrack, com a freqüência dos mais freqüentes.

Admito que não há nada nas composições que provoquem raios de originalidade. Admito também que a produção do rapazote do Blink e o excesso de auto-tune deixa o som da banda mais pasteurizado do que devia (especialmente se lembrarmos que a produção de I am the movie, o primeiro da banda, era muito mais interessante). Admito terceiro que o disco tem momentos bem fracos, e fica especialmente constrangedor no final. Apesar disso tudo, Commit this to memory busca o sol sem constrangimento, e traz na garupa algumas das canções mais legais lançadas por uma banda do gênero em anos. O Motion City Soundtrack é uma das poucas bandas dessas últimas levas que faz o tipo de musica perfeito para ser popular, sem que isso seja um ponto negativo. Desde que você se mantenha longe das fotos promocionais para não acabar com a boa impressão, claro.

9 comentários:

Eduardo Albuquerque disse...

Possa crer, Amizade.
Eu acho aliás que tem muito corte o clipe. Acho que uma edição com planos mais longos cairia melhor. Sobre a coreografia tem bastante plano aberto sim. O lance de cima pra baixo com os guarda-chuvas, provavelmente ia perder o forro vermelho dele, mas entendo sua reclamação. O que me toca no clipe é realmente a idéia, a relação da beleza que existe numa missa, que é quase um balé (toda a ética de sentar e levantar para cantar). E o momento que a Helena sai dançando e percebe que está morta sempre me mata. Fico emocionadão.
A banda é chatona, mas o clipe me fez aguentar a música. Engraçado isso, né? Acho até que o Wake Up não é incrivelmente realizado, mas toda aquela leitura faz do clipe fera apesar de tudo. Talvez seja o mesmo com este: tm falhas, tem, mas me toca gostoso, mesmo assim :)

Desde que vi esse clipe já fui a duas missas de 7º dia e me sinto mal de ficar sempre de olhos abertos pra ver se vejo "Helena" dançar...

Anônimo disse...

Alguém que começa um post chamando o autor de amizade não merece a menor consideração.

Anônimo disse...

Estamos devolvendo à França toda herança recebida: o Rei português veio pra colônia por conta das invasões napoleônicas, toda a nossa literatura e crítica literária comebebem de lá e nosso manifesto de modernidade nasce em função da existência deles... e no mais, precisávamos provar que a copa de 98 não foi vendida.

entre o gordo, o cabeludo e o picolé de chuchu fico com o carequinha deles.

Anônimo disse...

My Chemical Romance é bonzão.

Anônimo disse...

Aham.

Fábio Andrade disse...

Rev, meu amigo,
O clipe tem pouquíssimos planos gerais. Insuficientes, pra dizer o mínimo. E o forro vermelho dos guarda-chuvas não é desculpa, afinal, podia ter tanto planto em contra-plongé como em plongé. Resolvido o problema. Além do mais, acho que a banda aparece demais no clipe. Tudo bem que clipe tem essa função mesmo, mas no caso de um projeto tão definido como o de "Helena", acho que valia trair um pouco a essência do lance dar mais ênfase às coreografias sim.

Nem curto a cena da "Helena" dançando não. O corte é espertinho até, mas essa cena me deixa meio com vergonha. Ainda mais depois de terem colocado a morta dançando do lado da banda no VMA's... Deus do céu.

Irado o comentário da Arlete Sales.

Anônimo disse...

Vou lá dentro pegar o meu casaco e daqui a pouco eu volto pra te ajudar a trocar o pneu do carro, beleza?

Anônimo disse...

My Chemical Romance é tão malvado quanto o Rubão.

Eduardo Albuquerque disse...

tu já viu o comercial de dentadura da Arlete Salles? ISSO sim é irado!