terça-feira, janeiro 13, 2009

2008 em 10 Shows

10 – Stone Temple Pilots
08/07 – Glens Falls Civic Center, Glens Falls, NY

Scott Weiland entende que todo show precisa de um showman. E isso conta muito mais do que o painel de luzes ao fundo, o setlist que responde a tudo que se espera, e toda a papagaiada padrão que envolve uma turnê de reunião de uma banda de rock mainstream nos dias de hoje.

09 – The National
24/10 – Tim Festival, Rio de Janeiro

Continuo achando a mesma coisa.

08 – Hold Steady
30/07 – Avalon, Los Angeles

É preciso respeitar uma banda que sobe ao palco e toca, quase na íntegra, um disco que havia saído na semana anterior (mesmo que todos ali já o escutassem há um par de meses). Mais fácil, porém, se a banda for o Hold Steady, e o disco em questão for o ótimo Stay Positive. Na segunda fila, bem na minha frente, dois amigos em outra dimensão se abraçavam, e trocavam socos na cabeça. De vez em quando um deles tentava conversar com uma das garotas que estavam na grade, e o outro lhe mandava um porradão na nuca. Eu nunca consegui fazer dessa cena uma analogia para coisa alguma, mas Craig Finn talvez seja capaz de transformá-la em uma canção.

07 – Spoon
08/11 – Festival Planeta Terra, São Paulo

Apesar de ter visto o Spoon em grande forma no Prospect Park, nada poderia ter me preparado para a avalanche sonora que a banda despejou no Planeta Terra. Um show tão bom que fez a lembrança do Jesus & Mary Chain, alguns minutos antes, se tornar uma memória pálida e distante.

06 – Josh Rouse
15/08 – Sesc Vila Mariana, São Paulo

A intensidade do brilho do artista é proporcional à consciência de suas limitações. Josh Rouse se conhece muito bem.

05 – Lucero
24/07 – The Echo, Los Angeles

E aí vem o click, e você se lembra como foi que se sentiu quando se apaixonou pelo rock. E você olha em volta, tentando entender, e tudo que vê é uma banda sem roadies e um bando de marmanjos cobertos em suor e cerveja alheios, cantando projetos de palavras fora de tom, com garrafas de cerveja erguidas em um interminável brinde à banda. E o mais constrangedor é que você entende.

04 – Ron Sexsmith
16/07 – Joe’s Pub, Nova York

A descoberta de um gênio.

03 – Bob Dylan
08/03 – Rioarena, Rio de Janeiro, RJ

É inevitável que cada uma das pessoas na Rioarena desejasse um setlist ideal diferente, e que o escolhido por Dylan não desse conta da maior parte das canções que elas gostariam de ouvir. Ainda assim, a música que vinha do palco era tão extraordinariamente envolvente (ainda mais para aqueles que, como eu, adoram Modern Times) que segurava os pensamentos pelos tornozelos, fazendo com que todos desejassem ouvir qualquer música que Dylan viesse a tocar. Independente da história, da mitologia, da idade dos afetos, tudo soava perfeito. E assim foi.

02 – Jon Brion e convidados
25/07 – Largo, Los Angeles

Mais conhecido por seus trabalhos para o cinema (as trilhas de filmes como Huckabees – A Vida É Uma Comédia, Embriagado de Amor, Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, etc), Jon Brion faz shows regulares no Largo – casa de Los Angeles que o abriga em temporadas de sextas-feiras, com duas apresentações por noite. Entrei no segundo round da última noite de seu verão por lá, sem a menor idéia de o que esperar. Fui ao Largo para ver o show do Grant Lee Phillips na segunda sala da casa (apropriadamente chamada de Little Room – uma salinha à luz de velas, sem palco, microfonação mínima, e não mais que 10 mesas,) e, ao final do set, a platéia foi convidada pelo gerente da casa a pegar café e biscoitos, e seguir para a noite com Jon Brion, que começava no teatro principal.

Entre carpetes de borgonhas lynchianos, Brion tocava piano no canto de um palco onde estavam montados cerca de 30 instrumentos diferentes. Junto ao contrabaixo de Sebastian Steinberg (Soul Coughing), único convidado da noite, Brion improvisava uma peça de jazz a partir de riffs de “Iron Man”, do Black Sabbath. Terminada a primeira música, ele se levanta e pergunta à platéia o que todos gostariam de ouvir. Da chuva de sugestões, Brion escolhe uma que pareça interessante, e improvisa uma versão em real time. E assim vai até o final da noite, pulando de instrumento para instrumento, de canção para canção: “Eye of the Tiger” em versão two-step, “This Charming Man” dando errado e virando “Please, Let Me Get What I Want” no meio, “If I Only Had A Brain” na pianola, uma versão jazzy para “Come And Knock Yourself Out” (canção-tema do Huckabees) – tudo improvisado, com a participação direta do público. Até que ele anuncia a hora do sing along, e alguém pede que ele toque Queen. “What song?”, ele pergunta. “Bohemian Rhapsody!”, grita uma voz do meio do teatro. Jon dá uma gargalhada, e responde: “You know what? I’ll fucking do it!” As luzes sobre a platéia se acendem, Brion pede que o PA seja desligado e, ao piano, comanda o coro que vem de todas as cadeiras do teatro. E vamos, todos juntos, à direção qualquer que o vento desejar soprar.

01 – Feist
9/07 - Prospect Park, Brooklyn

Oh Leslie, quel drôle de chemin il m‘a fallu prendre pour arriver jusqu‘à toi.

* * *

Prêmios especiais

O melhor show que eu não vi em 1999:
Face to Face

O melhor motivo para se ir a um show:
Eu poderia dizer que conheço bem sua discografia; ou então que adoro uma ou outra de suas canções. Mentira. Eu fui ao show do Grant Lee Phillips só pra ver o trovador de Gilmore Girls.

4 comentários:

Eduardo Valente disse...

tem que se admirar um homem crescido que se utiliza do termo "trovador".

Fábio Andrade disse...

foi pra isso que eu fiz aula com o dapieve na faculdade.

Anônimo disse...

mas na altura deste show do Hold Steady o disco já tinha vazado a tanto tempo que eu era capaz de recitar as letras de todas as músicas.

Ok, isto é reclamação de um leitor chato e com muita inveja.

Fábio Andrade disse...

mas foi o que eu disse ali entre parênteses, filipe. eu fiquei um pouco bobo de eles só terem tocado 4 músicas do "boys and girls in america" (não só porque é meu favorito, mas principalmente por ser o disco que deu maior projeção à banda), mas imagino que eles tenham passado por LA algumas vezes na tour daquele disco, então o justo era mesmo oferecer algo de novo.