sexta-feira, maio 08, 2009

Um parágrafo

The Pains of Being Pure At Heart


A maior surpresa do disco de estréia do The Pains of Being Pure At Heart - talvez o primeiro hype de 2009 - é a de que uma banda com um nome tão ridículo não seja uma merda. Não é. Na verdade, a suposta inclinação shoegaze advogada por aí é uma tentativa bastante desesperada de parte da crítica (ou da própria banda) em tentar legitimizar algo que, em si, já é plenamente legítimo: o TPOBPAH escreve ótimas canções pop. Se existe algo que impressiona mais do que o número alto de músicas boas no disco de estréia da banda, é o número quase inexistente de canções ruins. Tudo soa bastante derivativo, parecendo um disco perdido da virada da década de 1980 para 1990, mas não por isso menos agradável de se ouvir. É claro que eles cresceram ouvindo My Bloody Valentine, mas a influência aparece como roupa (os vocais enfumaçados, por exemplo) que esconde armações internas tiradas de outras fontes: Jesus & Mary Chain ("Contender"), Echo & the Bunnymen ("The Tenure Itch"), Teenage Fanclub ("Come Saturday" e "This Love Is Fucking Right!" parecem tiradas do Thirteen), Pretenders ("A Teenager In Love"), Cranberries ("Stay Alive") e até algo de Hoodoo Gurus (a ótima "Young Adult Friction"). Como se pode notar, o disco é uma festa indie pronta. Mas o que realmente me intrigou nas primeiras audições do TPOBPAH foi que, embora eu conseguisse detectar todas essas influências aí, na verdade eu só pensava em bandas indie brasileiras. Em algum momento pensava em Pin Ups, outro em Pelvs, Second Come, Cigarettes, brincando de deus... e quebrava a cabeça tentando entender o porquê dessa segunda camada de derivação. Até que meu pensamento foi interrompido pela décima quinta virada de bateria mal executada no disco. E aí, eu entendi.

6 comentários:

Anônimo disse...

http://rapidshare.com/files/195082464/TPOBPAHx2.rar

daniel disse...

estreia não tem mais acento. absurdo descumprir o acordo.

Fábio Andrade disse...

trecho do livro “memórias de um professor de português de bem com a vida”:

“o ano de 2009 foi como nenhum outro. a ‘paranoia’ jamais desconfiou que um novo acordo ortográfico estava por vir e lhe tomar o acento, deixando a ‘ironia’ perfeitamente intacta.”

Andre de Freitas Sobrinho disse...

piada copiada, comanda.

http://bastanterazoavel.wordpress.com/

Filipe disse...

Engraçado você apontar como o disco lembra um certo indie brasileiro, quando escutei pela primeira vez minha reação foi pensar que podia ser uma demo do catalogo da midsummer madness por volta de 96.

Fábio Andrade disse...

É bem isso mesmo, Filipe. Tenho um amigo que ficou com a lembrança do "Bingo", do Cigarettes. Eu gosto das bandas citadas - umas mais do que outras - mas o disco do POBPAH tem uma consistência que nenhuma delas antigiu.