segunda-feira, julho 20, 2009
Postado por Fábio Andrade às 7:16 PM
A produção da distância
Untitled (1988/90), de Zoe Leonard;
em exposição em The Female Gaze - Women Look At Women, na Cheim & Read Gallery
A artista que vê o conceito "mulher" por meio da arte. Fotografar um quadro. Ressaltar, com isso, as camadas deformadoras de distância e de discurso. Tirar a cor da tinta. Reenquadrar. Colar-se à tela. Alterar a matéria - a cor, o recorte - mas, principalmente, seu estatuto. Fotografar um quadro é fotografar a tinta seca, porosa, rachada pelos anos. Produzir textura. Produzir pele. Como Chantal Akerman, Pedro Costa, ou Grindhouse, perceber o meio como gerador de sentidos. Revitalizar o antigo; transformar pelo simples deslocamento da reprodução. Pensar, sobretudo, o espaço intransferível e intransponível entre os olhares - quem olha a foto, de quem olhava a pintura, de quem olhava a mulher. A tela é a pele, é o tema, é o centro de interesse. Ao mesmo tempo, a pele é a tela, a mulher é a matéria do discurso. A mulher feita obra de arte; a obra de arte feita mulher.
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7 comentários:
mais um post poético... tá ficando bom nisso.
só faltou um arremate, um punchline... que é sempre neurose de querer rearranjar música dos outros: "a obra feita de arte: mulher".
mas não havia intenção de poesia, na verdade. foi uma transcrição minimamente organizada do que eu escrevi quando vi as fotos. achei que o único tom possível era escrever como pensei, no ritmo do pensamento, sem explicar muita coisa.
mas aí tá o barato de como as coisas nos capturam e, na nossa captura das coisas, organizar todo o visto em discurso. Se há o tom poético, intencional ou nao, há o sentido da consciencia da linguagem 9do visto, co captado, do escrito)... e seus contornos retínicos, sao sim, poéticos.
ah sim. o que quis dizer é que uma construção como a que você sugeriu não me ocorreu porque o viés de aproximação era outro. não que as modalidades de linguagem não possam se misturar, mas sim que isso realmente não me ocorreu.
Boooooriiiiing...
that's gotta hurt!
que delícia.
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