sexta-feira, novembro 16, 2007

You used to be a stranger, now you are mine

Como blogs me parecem lar perfeito para platitudes taxativas, brado, aqui, do alto de minha cabeça, que o verso em negrito logo acima é, possivelmente, a melhor síntese já feita da relação do homem com o mundo. Existe ali uma apreensão da capacidade do olhar de fazer tudo se tornar seu, uma percepção do mundo como potência que aguarda ser iluminado pelo interesse de alguém disposto a se apaixonar que realmente me desconcerta. Bernard Sumner me parece um grande letrista às avessas: suas canções fazem pouco sentido enquanto unidade narrativa/poética, mas seu método parece ser o de um atirador de palavras. E embora muitas vezes ele gere versos que reverberam no óbvio de uma piscina vazia, por vezes saem um par de jóias (brincos, eu diria) que justificam o dadaísmo dietético de suas canções. Assim como o New Order sempre tropeçou em discos imperfeitos, Sumner talvez nunca tenha assinado uma grande letra. Ainda assim, existe algo na inflexão de sua voz que faz a aparente ingenuidade de certos versos se tornar concreta, viva, inquestionável. Nesses momentos, Sumner é o condutor do sublime. “Regret” é uma enormidade de canção.

1 comentários:

Anônimo disse...

Definição perfeita das letras do New Order, Fabio! :D
Eu sempre achei que as letras do Sumner pareciam um apanhado de citações; vários trechos sensacionais, mas quando vemos as letras inteiras, fica complicado achar o sentido exato que ele tá falando...