quarta-feira, julho 15, 2009

Moscou ne crois pas aux larmes

Não é que eu não acredite em lágrimas. Chorei de tensão quando meu avô faleceu, e de tristeza quando meu peixe morreu - o que, acredito, não pinta de mim contorno dos mais favoráveis. Choro um pouquinho ao final de Sonata de Tóquio, e na cena musical de Em Paris, principalmente porque hoje as antecipo, e me encanto antes de elas acontecerem. Há diversas músicas que me emocionam, mas nunca a ponto de abrir os olhos (embora "Claire de Lune" e "Avant La Haine" mandem nas lágrimas acima). Já chorei algumas vezes de vergonha, em silêncio, sem nota ou vibração.

Até que saiu o disco novo do Wilco e, como acontece com as cenas dos dois filmes aí em cima, chorei lágrimas antecipadas, incestuosas pela familiaridade impossível com a desconhecida "You And I". Mais do que uma grande canção, ela me fez acreditar que existe alguma ordem por trás das coisas; ou, ao menos, de algumas de minhas coisas. Para um ateu, é como perceber Deus. E aí vejo o encontro de novo - o encontro de fato - na noite dessa segunda-feira. Como as epifanias servem para desvelar o mundo, pude ouvir a canção novamente pela primeira vez. E percebi que não é tanto uma dificuldade de chorar; 

mas sim que as lágrimas preferem
evaporar logo
a escorrer.   

1 comentários:

Andre de Freitas Sobrinho disse...

"(...)as lágrimas preferem
evaporar logo
a escorrer."

Grandes Versos! Grandes Versos!