segunda-feira, outubro 27, 2008

Homerfication II

Na sessão de O Profundo Desejo dos Deuses, filme de Shohei Imamura exibido pela Caixa Cultura na última sexta-feira, os velhinhos (japoneses ou não) eram a maioria absoluta que quase lotava a sala. Passei os primeiros minutos do filme imaginando quão alto seria o índice de desistências - afinal, estávamos por ver 3 horas de ininterrupta ousadia de um dos mais inquietos nomes do cinema japonês - e, aos poucos, fui ficando realmente emocionado de tomar parte em platéia tão receptiva e de cabeças tão mais dispostas que as jovens - que, aos poucos, eram carregadas por seus donos para fora do cinema. Até que o engenheiro chega à ilha, e pede um copo d'água aos nativos. Ele cospe o primeiro gole e reclama do gosto, que seu guia logo atribui ao alto índice de salinidade da água local. Um dos braços narrativos posteriores do filme é, não à toa, a busca por uma fonte de água doce naquela ilha. E o casal de velhinhos, atrás de mim:

- O que deram para ele beber? - pergunta o marido, em volume que afastava qualquer possibilidade de inibição.

- Xixi! - respondeu sua senhora.

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