quinta-feira, outubro 09, 2008

When it rains, it pours

O mergulho de olhos abertos na intensa experiência cinematográfica que é o Festival do Rio chega, agora, ao fim. Os olhos abertos são importantes pois, apesar da salinidade que queima e incha os globos oculares, o mergulho só faz sentido como busca. Após três semanas buscando o filme desse Festival, é curioso que ele tenha aparecido para mim no último dia: Sonata de Tóquio, obra-de-arte especialíssima de Kiyoshi Kurosawa. Alguns diriam que é só o cansaço falando mas, se for, ele grita: foi o filme que, nessas últimas três semanas, abriu as enferrujadas compotas do coração de um velho amante, fazendo voltar aquela primeira melodia, aquela primeira imagem, aquela primeira emoção já sentida, que buscamos avidamente no contato diário com o mundo. Com o passar do tempo, os encontros com esse sentimento primeiro parecem cada vez mais raros. Mas quando chove...

Esse post, porém, é para dizer que, apesar do fim do Festival, aqueles que ainda tiverem olhos, coluna e coração em boas condições têm uma última chance de ver a bela cópia em película em temporada no Rio: Sonata de Tóquio é o filé da programação da repescagem, e passa no Estação Botafogo 1, neste sábado (11/10), às 13h15 da tarde. O impacto do filme foi tamanho que, ao fim da sessão, chutei de lado um Mike Leigh, um Sokurov e um De Palma que havia programado ver no mesmo dia, e me guardei para uma segunda visita (nada de revisão; nova visão, mais apropriadamente) ao filme, encerrando as três semanas de excesso vendo apenas um filme, duas vezes. Voltei pra casa caminhando sozinho, não para pensar sobre o filme, mas sim para carregar aquela rara sensação comigo por mais meia horinha. Infelizmente, não poderei ir à última sessão do filme no Rio. A quem for, deixe correr uma lágrima em meu nome. Já está na hora de eu aprender a lidar com esse papo de chorar em filme.

A Cinética seguirá publicando críticas sobre os filmes do Festival nos próximos dias. Amanhã, planejo retornar com um resumão de tudo que vi. Para além das notas e estrelinhas, claro.

3 comentários:

Andre de Freitas Sobrinho disse...

"nada de revisão; nova visão, mais apropriadamente"

tu acabou de me dar a frase inicial da comunicação que apresento semana que vem.

obrigado bateria.

Eduardo Valente disse...

a livia deixou correr várias, que eu vi!!

Fábio Andrade disse...

será que o filme seria um sucesso em barra mansa? mmm....