segunda-feira, outubro 22, 2007

Top 5 da semana

01- Millennium Mambo (Qianxi manbo) – Hou Hsiao-hsien – Há um tempo escrevi sobre como “Inbetween days” é a única música que eu poderia apontar com justeza como a melhor da história. Acho que se me pedissem para escolher o meu plano favorito da história do cinema, eu provavelmente elegeria o de abertura de "Millennium Mambo". Existe ali uma combinação muito rara de evidências de inspiração – as luzes da passarela, as jogadas de cabelo de Shu Qi, a narradora que comenta seu próprio passado, o slow motion, o bate-estaca de Lim Giong, a descida da escada – que me ganham como pouquíssimos momentos no cinema já me ganharam. Rever “Millennium Mambo”, meu filme favorito de Hou, é ponto alto de qualquer semana.

02- Flor de Equinócio (Higanbana) – Yasujiro Ozu – “Flor de Equinócio” é o primeiro filme em cores feito por Yasujiro Ozu, e conta a história de uma família que prepara o casamento de uma das filhas. Na fase final de sua carreira, Ozu fez uma vários filmes que abordavam essa mesma temática, com dramas sempre muito parecidos. Talvez “Flor de Equinócio” não seja o melhor deles – difícil competir com “Pai e filha”, “Também fomos felizes” ou “A rotina tem seu encanto” – mas possui as mais belas naturezas mortas já filmadas pelo diretor.

03- Down by Law – Jim Jarmusch – É interessante como o conto-de-fadas de Jarmusch só se realiza pro imigrante, e como os outros dois seguem, separados, na deambulação. Existe muito a se dizer sobre “Down by Law”, e entre as coisas que mais me agradam no cinema de Jarmusch está a inversão de quais seriam os tempos mortos de uma estória. Não é nada de novo – nem foi quando ele começou a filmar – mas é um olhar sobre o cinema que me interessa muito, e que Jarmusch faz muito bem.

04- “O prazer que ele demonstrava ao ouvir música, se bem que não fosse aquele êxtase encantado que pertencia apenas a ela, tornava-se precioso em contraste com a horrível insensibilidade dos outros, e Marianne era razoável o bastante para reconhecer que um homem com trinta e cinco anos podia ainda ter sentimentos profundos e admirar coisas lindas a ponto de se emocionar. Ela sentia-se perfeitamente disposta a fazer todo tipo de concessão que o senso de humanidade conferia à idade avançada do coronel” – trecho de “Razão e sensibilidade” (Reason and sensibility), de Jane Austen.

05- Branca de Neve - João César Monteiro – À expressividade de uma tela preta quando toda e qualquer imagem parece não mais capaz de dar conta.

1 comentários:

Anônimo disse...

há uma colocação de Borges sobre as listas, diz que são os lugares que nascem para as faltas e esquecimentos, nenhuma delas é inteira e sempre vai haver a frustração dos câmbios entre elementos.