sábado, março 15, 2008

Break


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Mais impressionante do que ver um dos melhores filmes dos últimos anos sair no Brasil direto em DVD, só encontrá-lo já sendo vendido por 9 reais na Americanas. Exilados (2006) marcou meu primeiro encontro com o cinema de Johnnie To, em uma exibição tapa-buraco do Festival do Rio daquele ano, recomendada na última hora pelo Juliano. À época, sequer sabia estar diante da conclusão de uma trilogia iniciada em 2005 com Eleição, e seguida no ano seguinte com Eleição 2 (todos hoje já disponíveis em DVD no Brasil). Pouco importou: logo nos primeiros minutos ficou claro que o trabalho de To - nesse filme, em especial - me arrebataria por sua capacidade de criar imagens absolutamente pregnantes, de recompor o quadro mesmo quando tudo parece ter virado vapor, de reconfigurar visualmente um universo (os filmes de máfia) já triturado pelas revoluções recentes de John Woo e Takeshi Kitano.

Revendo Exilados em DVD, as impressões se intensificavam à medida que eu percebia ter - naquele único contato com o filme, dois anos antes - memorizado sua cadência, sua construção visual, o sangue em pó que enevoa as sequências noturnas, toda a distensão temporal dos plongés do primeiro duelo. Embora pese levemente nos pretos, a cópia em DVD faz as devidas honras à milimétrica composição em scope do filme (em um bom transfer anamórfico) e ao banho de cores da fotografia ultra-estilizada de Cheng Siu Keung. Exilados é mais que um filme essencial; é, provavelmente, o Era Uma Vez no Oeste da nossa geração.

* A Cinética está com edição nova e recheadíssima no ar. Além de uma enxurrada de críticas dos filmes em cartaz, a revista traz uma primeira pauta conjunta pensando os caminhos do cinema norte-americano nos primeiros meses de 2008. Assino crítica sobre Juno e um ensaio sobre a presença das cores nos filmes de Tim Burton.

* A revista eletrônica norte-americana Mammoth Press publicou uma generosíssima resenha da demo do meu Driving Music. Estou boiando em meu próprio orgulho.

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